COMO CONSEGUIR UM CASAMENTO FELIZ
Se você é casado, lembre-se que os seus mais importantes laços terrenos devem ser a amizade e o amor entre você e seu cônjuge. Ele é a única pessoa além do Senhor a quem você recebeu o mandamento de amar de todo o seu coração. (Ver : D&C 42:22)
Lembre-se de que o casamento, no seu sentido mais verdadeiro, é uma parceria igualitária, sem que nenhum dos cônjuges exerça domínio sobre o outro, mas na qual um incentiva, consola e ajuda o outro.
Uma vez que o casamento é um relacionamento tão importante na vida, ele necessita de atenção e merece tê-la. Não dê prioridade mais elevada a compromissos de menor importância. Reserve tempo para conversarem e para que um ouça o outro. Tenha consideração e respeito pelo seu cônjuge. Expresse afeição e externe sentimentos ternos com frequência.
Determine que nada que possa destruir o seu casamento se interponha entre você e seu cônjuge. Decida fazer do seu casamento um casamento de sucesso apesar das dificuldades que possam vir a surgir.
Sejam leais um ao outro. Sejam fieis aos convénios matrimoniais em pensamento, palavras e acções. Lembrem-se de que o Senhor disse : "Amarás a tua esposa de todo o teu coração e a ela te apegarás e a nenhuma outra". (D&C 42:22) A expressão "nenhuma outra" ensina que nenhuma pessoa, actividade ou bem material deve ter precedência em relação ao seu relacionamento com o seu cônjuge.
Afaste-se de tudo o que puder induzi-lo à infidelidade de qualquer natureza. Pornografia, fantasias questionáveis e flertes destruirão aos poucos o seu carácter e vão atacar e destruir o alicerce do seu casamento.
Trabalhem em conjunto para administrar as finanças familiares. Cooperem no estabelecimento de um orçamento e na observância do mesmo. Disciplinem seus gastos e evitem o cativeiro das dívidas. A administração sábia do dinheiro e a ausência de dívidas contribuem para a paz no lar.
Centralizem sua vida no Evangelho de Jesus Cristo. Ajudem-se mutuamente a cumprir os convénios que fizeram. Frequentem juntos a igreja e o templo. Estudem juntos as escrituras. Ajoelhem-se juntos ao início e ao final do dia para agradecer ao Pai Celestial por terem um ao outro e, juntos, pedir bênçãos Dele para a sua vida, seu lar, para as pessoas que amam e para seus desejos justos. Deus então os guiará, e as suas conversas diárias com Ele trarão paz e alegria que não podem vir de nenhuma fonte. O seu companheirismo se tornará mais terno ao longo dos anos; o seu amor se fortalecerá e o apreço que têm um ao outro aumentará.
FAMILIA PROCLAMAÇÃO AO MUNDO...
APRIMEIRA PRESIDÊNCIA E O CONSELHO DOS DOZE APÓSTOLOS...
NÓS, APRIMEIRA PRESIDÊNCIA e o Conselho
dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, solenemente proclamamos que o
casamento entre homem e mulher foi ordenado por
Deus e que a família é essencial ao plano do Criador
para o destino eterno de Seus filhos.
TODOS OS SERES HUMANOS-homem e mulher-
foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um
filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que
o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos.
O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial
da identidade e do propósito pré-mortal, mortal
e eterno de cada um.
NA ESFERA PRÉ-MORTAL, os filhos e filhas que
foram gerados em espírito conheciam e adoravam a
Deus como seu Pai Eterno e aceitaram Seu plano,
segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico
e adquirir experiência terrena a fim de progredirem
rumo à perfeição, terminando por alcançar seu destino
divino como herdeiros da vida eterna. O plano divino de
felicidade permite que os relacionamentos familiares sejam
perpetuados além da morte. As ordenanças e os convênios
sagrados dos templos santos permitem que as
pessoas retornem à presença de Deus e que as famílias
sejam unidas para sempre.
O PRIMEIRO MANDAMENTO dado a Adão e Eva
por Deus referia-se ao potencial de tornarem-se pais, na
condição de marido e mulher. Declaramos que o mandamento
dado por Deus a Seus filhos, de multiplicarem-se
e encherem a Terra, continua em vigor. Declaramos também
que Deus ordenou que os poderes sagrados de procriação
sejam empregados somente entre homem e mulher,
legalmente casados.
DECLARAMOS que o meio pelo qual a vida mortal
é criada foi estabelecido por Deus. Afirmamos a santidade
da vida e sua importância no plano eterno de
Deus.
OMARIDO E A MULHER têm a solene responsabilidade
de amar-se mutuamente e amar os filhos, e de cuidar
um do outro e dos filhos. "Os filhos são herança do
Senhor." (Salmos 127:3) Os pais têm o sagrado dever de
criar os filhos com amor e retidão, atender a suas necessidades
físicas e espirituais, ensiná-los a amar e servir
uns aos outros, guardar os mandamentos de Deus e ser
cidadãos cumpridores da lei, onde quer que morem. O
marido e a mulher-o pai e a mãe-serão considerados
responsáveis perante Deus pelo cumprimento dessas
obrigações.
AFAMÍLIA foi ordenada por Deus. O casamento entre
o homem e a mulher é essencial para Seu plano
eterno. Os filhos têm o direito de nascer dentro dos
laços do matrimônio e de ser criados por pai e mãe que
honrem os votos matrimoniais com total fidelidade.
A felicidade na vida familiar é mais provável de ser
alcançada quando fundamentada nos ensinamentos
do Senhor Jesus Cristo. O casamento e a família
bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob
os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do
respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de
atividades recreativas salutares. Segundo o modelo
divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão,
tendo a responsabilidade de atender às necessidades
de seus familiares e de protegê-los. A responsabilidade
primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas
atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação
de ajudar-se mutuamente, como parceiros
iguais. Enfermidades, falecimentos ou outras
circunstâncias podem exigir adaptações específicas.
Outros parentes devem oferecer ajuda quando necessário.
ADVERTIMOS que as pessoas que violam os convênios
de castidade, que maltratam o cônjuge ou os filhos,
ou que deixam de cumprir suas responsabilidades
familiares, deverão um dia responder perante
Deus pelo cumprimento dessas obrigações. Advertimos
também que a desintegração da família fará recair
sobre pessoas, comunidades e nações as calamidades
preditas pelos profetas antigos e modernos.
CONCLAMAMOS os cidadãos e governantes responsáveis
de todo o mundo a promoverem as medidas designadas
para manter e fortalecer a família como a unidade
fundamental da sociedade.
DE A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS
Esta proclamação foi lida pelo Presidente Gordon B. Hinckley como parte de sua mensagem na Reunião Geral
da Sociedade de Socorro, realizada em 23 de setembro de 1995 em Salt Lake City, Estado de Utah.
Copyright © 1995 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Aprovação do inglês: 10/95. Aprovação da tradução: 10/95. Translation of Family Proclamation. 35538 059
CASAMENTO ETERNO...
No âmbito da filiação como membros, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias apresenta aos seus fiéis a perspectiva de celebrarem um casamento eterno que é para "o tempo e a eternidade" e não apenas para "até que a morte vos separe".
Baseando-se no conselho de Cristo a Pedro "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mateus 16:19), os casamentos eternos são celebrados por intermédio de autoridade divina. Tal casamento será também válido para a vida após a morte e a família poderá existir para sempre.
Os pré-requisito para isto acontecer são o templo ou a "Casa do Senhor" como o lugar onde o casamento se realiza, a qualificação pessoal, isto é, uma vida baseada nos princípios cristãos e finalmente a autoridade do sacerdócio (ver Templos). Todos os membros da família estão incluídos neste desiderato eterno, nas mesmas condições.
Família
A família pode ser uma de nossas maiores fontes de felicidade. Nenhum amor é tão profundo, nenhuma alegria tão plena quanto aquela que pode existir dentro do círculo familiar. As famílias podem ajudar-nos a receber o melhor que a vida tem a oferecer.
Também podemos sentir, dentro da família, a mais profunda tristeza. As famílias podem vacilar, e até mesmo falhar. No entanto, a felicidade em uma família às vezes é possível até mesmo quando vêm as tristezas.
Como com todas as coisas de valor, os relacionamentos familiares requerem trabalho, mas valem os esforços porque as famílias são feitas para ser unidas para sempre e para nos trazer alegria.
Nosso Refinado
Lar Celestial
É l d e r Do u g l a s L . C a l l i s t e r
Dos Setenta
Se pudéssemos abrir o véu e observar
nosso lar celestial, ficaríamos impressionados
com o refinamento da mente
e do coração daqueles que alegremente
vivem ali. Imagino que nossos pais celestiais
sejam extraordinariamente refinados.
Neste evangelho de grandes exemplos, um
dos propósitos de nossa provação terrena
é tornar-nos semelhantes a eles de todas as
maneiras concebíveis para que nos sintamos
à vontade na presença de nossos pais celestiais
e, usando a linguagem de Enos, vejamos
a face deles "com prazer" (Enos 1:27).
O Presidente Brigham Young (1801-
1877) disse: "Estamos procurando ser
semelhantes àqueles que vivem no céu.
Estamos tentando moldar nossa vida
segundo a deles, para que pareçamos com
eles, andemos como eles e conversemos
como eles". 1 Eu gostaria de espiar atrás do
véu que temporariamente nos separa de
nosso lar celestial e descrever o ambiente
virtuoso, belo e refinado que lá existe.Vou
falar da linguagem, literatura, música e arte
do céu, bem como da aparência imaculada
dos seres celestiais, porque acredito que no
céu encontraremos cada uma dessas coisas
em sua pura e perfeita forma.
Quanto mais próximos estivermos de
Deus, mais facilmente nosso espírito será
tocado por coisas refinadas e belas.
Linguagem
Deus fala todas as línguas de modo adequado.
Ele usa uma linguagem recatada e
comedida. Quando Deus descreveu o grande
processo da criação desta Terra, Ele disse de
modo comedido que ela "era boa" (Gênesis
1:4 ). Ficaríamos desapontados se Deus
tivesse usado expressões exageradas como
"super maneiro" ou coisas semelhantes.
O inglês Ben Jonson disse: "A linguagem é
o que mais expõe o homem. Fala, para que eu
possa te ver". 2 Nossa linguagem revela nossos
pensamentos, virtudes, inseguranças, dúvidas
e até mesmo o lar em que fomos criados.
Vamos sentir-nos mais à vontade na presença
do Pai Celestial se tivermos desenvolvido bons
hábitos em nosso modo de falar.
Suponho que a linguagem do céu, adequadamente
proferida, seja parecida com
uma forma de música. Será que C. S. Lewis
tinha isso em mente quando escreveu: "Não
é interessante ver que algumas combinações
de palavras consigam evocar, quase à parte
de seu significado, uma emoção semelhante
a música?" 3 No nascimento de Jesus, os
anjos apareceram e disseram, e não cantaram,
"Glória a Deus nas alturas, Paz na terra,
boa vontade para com os homens" (Lucas
2:14). Hoje tentamos expressar por meio da
música a beleza dessas palavras originalmente
ditas pelos anjos.
Um dos propósitos
de nossa provação
terrena é tornarnos
semelhantes a
nossos pais celestiais
de todas as
maneiras concebíveis,
para que nos
sintamos à vontade
na presença deles.
Em sua biografia de Ralph Waldo Emerson, Van Wyck
Brooks conta que Emerson foi convidado a falar na comemoração
do 300º aniversário de nascimento do grande
poeta Shakespeare. Depois da devida apresentação, Emerson
foi até o púlpito e voltou a sentar-se. Ele tinha esquecido
suas anotações. Preferia nada dizer a proferir palavras
mal-elaboradas. Para alguns, aquele foi um dos momentos
mais eloquentes de Emerson. 4
O refinamento ao falar é mais do que
eloquência requintada. É resultado da
pureza de pensamento e sinceridade
de expressão. Às vezes, na oração de
uma criança, ouvimos a linguagem
do céu refletida mais facilmente
do que em um monólogo
de Shakespeare.
O refinamento ao falar não se
reflete apenas em nossa escolha
de palavras, mas também nas
coisas sobre as quais falamos. Há
pessoas que sempre falam de si
mesmas. São pessoas inseguras ou
orgulhosas. Há os que sempre falam dos
outros. Geralmente são entediantes. Há os que
falam de ideias arrebatadoras, livros cativantes e doutrina
inspiradora. Esses são os poucos que deixam sua marca
neste mundo. Os assuntos discutidos no céu não são
insignificantes ou mundanos. São mais sublimes do que
a nossa mais fértil imaginação poderia imaginar.Vamos
sentir-nos em casa ali, se nesta Terra tivermos ensaiado
conversas sobre coisas refinadas e nobres, expressandonos
com palavras muito bem ponderadas.Literatura
A noite de sexta-feira é uma busca frenética para saber
onde estará o entretenimento e a ação? Será que nossa
sociedade atual conseguiria produzir um Isaac Newton
ou um Wolfgang Amadeus Mozart? Será que os 85 canais
de televisão e os inúmeros DVDs vão conseguir satisfazer
nosso insaciável apetite por entretenimento? Existem
pessoas que insensatamente se viciam em jogos de computador
ou em navegar na Internet, perdendo assim as
experiências pessoais mais significativas de ler bons livros,
conversar e desfrutar a boa música.
Não sei se haverá uma televisão ou um aparelho de DVD
em nosso lar celestial, mas imagino que sem dúvida haverá
um piano de cauda e uma magnífica biblioteca. Havia uma
excelente biblioteca na casa do Presidente Gordon B. Hinckley
(1910-2008) quando ele era jovem. Não era uma casa
suntuosa, mas a biblioteca continha mais de mil livros da
rica literatura do mundo, e o Presidente Hinckley passou sua
juventude imerso nesses livros. Para ser instruído, porém, não
é necessário possuir dispendiosas coleções literárias, porque
elas estão ao alcance tanto de ricos como de pobres
nas bibliotecas públicas do mundo.
O Presidente David O. McKay (1873-
1970) costumava acordar todos os dias
às 4h da manhã, ler rapidamente até
dois livros e depois começar o trabalho
às 6h da manhã. Ele sabia citar
mil poemas de cor. Ele chamava os
grandes mestres da literatura de
"profetas menores". Era um exemplo
vivo desta advertência encontrada
nas escrituras: "Nos melhores
livros buscai palavras de sabedoria"
(D&C 88:118).
Minha mulher e eu passamos recentemente
quatro anos cumprindo encargos da Igreja
na Europa Oriental. Viajamos muito no metrô de Moscou.
Notamos que os passageiros russos estavam sempre de
cabeça baixa, porque liam Tolstói, Chekhov, Dostoiévski
ou Pushkin e, às vezes, Mark Twain. As pessoas eram
pobres, mas não eram obcecadas com sua pobreza. Possuíam
a rica tradição da literatura, arte e música russas.
O Presidente McKay comentou: "Os livros são como
nossos companheiros. Podemos escolher aqueles que nos
tornam melhores, mais inteligentes, mais apreciadores das
coisas boas e belas do mundo, ou podemos escolher os
ordinários, vulgares e obscenos, que nos farão sentir como
se estivéssemos 'chafurdando na lama'". 5
Evidentemente, as escrituras são o suprassumo da boa
literatura, porque não estão fundamentadas nas opiniões
dos homens.Música
Se pudéssemos espiar atrás do véu celestial, provavelmente
seríamos inspirados pela música do céu, que deve
ser mais gloriosa do que qualquer música que tenhamos
ouvido nesta Terra.
Quando uma música passou pelo teste
do tempo, sendo valorizada pelos nobres e
refinados, o fato de deixarmos de apreciá-la
não condena a boa música. A falha é nossa.
Se um jovem cresce comendo só hambúrgueres
e batatas fritas, é bem provável que
não se torne um gourmet. Mas a culpa não
é da comida refinada. Ele apenas cresceu
consumindo algo inferior. Alguns cresceram
ouvindo só música do tipo descartável.
Este seria um bom momento para vasculhar
sua biblioteca musical e escolher músicas
que elevam e inspiram. Isso faz parte do
processo de amadurecimento de sua jornada
eterna. Também seria um bom momento
para aprender a tocar um instrumento musical
ou melhorar os talentos musicais que já
possuem.
O Élder Neal A. Maxwell (1926-2004), do
Quórum dos Doze Apóstolos, disse: "Vivemos
num mundo por demais inclinado às
coisas insípidas e precisamos prover uma
oportunidade de cultivar o gosto pela melhor
música. Da mesma maneira, estamos num
mundo que está por demais sintonizado nas
coisas do momento. Precisamos permitir que
as pessoas se sintonizem na melhor música
de todas as épocas". 6
Reconhecendo a pungente influência da
boa música, Oscar Wilde fez um de seus
personagens dizer: "Depois de tocar Chopin,
sinto como se tivesse chorado pelos pecados
que jamais cometi e lamentado por tragédias
que não vivi". 7 Depois da primeira apresentação
de O Messias, Handel disse, respondendo
a um elogio: "Meu senhor, sinto muito se
apenas os entretive. Meu desejo era tornálos
pessoas melhores". 8 Haydn "vestia sua
melhor roupa para compor porque dizia que
ia apresentar-se perante seu Criador". 9
Alguns acontecimentos da vida são tão
sublimes que não podemos imaginá-los
sem a companhia de uma bela música. Não
poderíamos pensar no Natal sem canções
natalinas ou uma conferência geral sem hinos
sacros; e não existiria o céu sem música
de insuperável beleza. O Presidente Young
disse: "Não há música no inferno, porque
toda boa música pertence ao céu". 10 Se o
único castigo do inferno fosse não ouvir uma
nota sequer de música por toda a eternidade,
já seria castigo bastante.Arte, Aparência e Atitude
O que eu disse sobre levar a boa linguagem,
literatura e música para nosso lar
pode ser dito com igual veracidade sobre a
boa arte, que provavelmente estará exposta
com muito bom gosto em nosso lar celestial.
Também o mesmo pode ser dito de nossa
aparência física e atitude, da ordem em nosso
lar, do nosso modo de fazer as orações e de
nossa maneira de ler a palavra de Deus.
Certa vez, conversei brevemente com a
grande atriz Audrey Hepburn, quando ela
estava filmando My Fair Lady. Ela falou da
cena inicial do filme, em que ela representava
uma florista pobre e inculta. Seu rosto
estava sujo de carvão para fazer com que
combinasse com o ambiente que a rodeava.
"Porém", disse ela, com um brilho no olhar,
"eu estava usando perfume. Por dentro,
ainda sabia que era uma dama." Não é preciso
um perfume caro para que alguém seja
uma dama, mas é preciso limpeza, recato,
autorrespeito e orgulho por sua aparência.
Há muitos anos, um conhecido meu decidiu
que ia agradar à esposa com um elogio
específico toda vez que voltasse para casa, à
noite. Certa noite, ele elogiou sua comida. Na
segunda noite, ele agradeceu pela perfeição
com que ela cuidava da casa. Na terceira
noite, ele reconheceu a boa influência que
ela exercia nos filhos. Na quarta noite, antes
que ele pudesse falar, ela disse: "Sei o que
você está fazendo. Agradeço por isso. Mas
não diga nenhuma dessas coisas. Só me diga
que você me acha bonita".
Ela expressou uma importante necessidade
que tinha. As mulheres devem ser
Quanto mais
próximos estivermos
de Deus,
mais facilmente nosso
espírito será tocado por
coisas refinadas e belas30
elogiadas pelos dons que possuem, inclusive
sua atenção para com sua aparência pessoal,
que de modo tão altruísta contribui para
embelezar a vida de outras pessoas. Não
podemos permitir que nossa aparência se
torne tão relaxada que nos distanciemos da
beleza que o céu nos concedeu.
Alguns dizem, levianamente: "Minha aparência
não tem nada a ver com o que Deus
sente a meu respeito". Mas é possível que
tanto os pais terrenos como os pais celestiais
fiquem silenciosamente desapontados,
sem que isso diminua o amor que sentem
pelos filhos.
O Presidente Joseph F. Smith (1838-1918),
sexto Presidente da Igreja, possuía poucas
coisas, mas cuidava muito bem delas. Era
muito cuidadoso com sua aparência. Ele
passava suas notas de dólares para desamarrotá-
las. Não permitia que ninguém além
dele arrumasse sua mala, à noite. Sabia onde
estava cada objeto da casa, cada parafuso ou
rosca, e todos tinham seu próprio lugar.
O mesmo poderia ser dito do ambiente
em que você mora? Sua casa é uma casa
de ordem? Será que você precisa varrê-la,
limpá-la e arrumá-la antes de convidar o
Espírito do Senhor para sua casa? O Presidente
Lorenzo Snow (1814-1901) disse:
"O Senhor não quer que os santos vivam
sempre nas covas e cavernas deste mundo,
mas que construam belas casas. Quando o
Senhor vier, Ele não espera encontrar um
povo sujo, mas, sim, um povo refinado". 11
David Starr Jordan, ex-reitor da Universidade
Stanford, escreveu: "Ser vulgar
é não fazer o melhor que pode haver. É
fazer coisas medíocres de modo medíocre
e ficar satisfeito com isso. (...) É vulgar
usar roupas sujas quando não estamos
realizando trabalho sujo. É vulgar gostar
de música ruim, ler livros de má qualidade,
gostar de notícias sensacionalistas,
(...) divertir-se com romances baratos,
gostar de peças de teatro vulgares ou ter
prazer em ouvir piadas ordinárias". 12
Seu Pai Celestial os enviou para longe de
Sua presença para que tivessem experiências
que não teriam em seu lar celestial, tudo isso
em preparação para conceder-lhes um reino.
Ele não quer que vocês percam a visão de
quem vocês são. Vocês são filhos de um Ser
exaltado. Foram pré-ordenados para presidir
como reis e rainhas. Vão viver num lar e
ambiente de infinito refinamento e beleza,
que expressará a linguagem, literatura,
música, arte e ordem do céu.
Encerro com as palavras do Presidente
Young: "Vamos mostrar ao mundo que temos
talento e bom gosto, e provar ao céu que
nossa mente está voltada para as coisas belas e
a verdadeira excelência, de modo que possamos
tornar-nos dignos de desfrutar o convívio
dos anjos". 13
Mais ainda, que possamos tornar-nos
dignos de desfrutar o refinado convívio com
nossos pais celestiais, porque somos da raça
dos Deuses, sendo "filhos do Altíssimo"
(Salmos 82:6).
Que possamos
tornar-nos dignos
de desfrutar
o refinado convívio
com nossos pais celestiais,
porque somos da
raça dos Deuses, sendo
"filhos do Altíssimo".
Extraído de um discurso devocional proferido na
Universidade Brigham Young em 19 de setembro de
2006. Para o texto completo em inglês, entre no site
https://speeches.byu.edu.Notas
1. Brigham Young, "Remarks", Deseret News, 5 de março
de 1862, p. 1.
2. Algernon Swinburne, A Study of Ben Jonson , org.
Sir Edmund Gosse e outros, 1926, p. 120.
3. C. S. Lewis, They Stand Together: The Letters of C. S.
Lewis to Arthur Greeves, 1914-1963, 1979, p. 96.
4. Ver Wendell J. Ashton, In Your Own Image, 1959,
p. 113.
5. David O. McKay, Pathways to Happiness , comp.
Llewelyn R. McKay, 1957, p. 15.
6. Neal A. Maxwell, LaMar Barrus, "The Joy of Music",
New Perspectives, abril de 1997, p. 10.
7. The Works of Oscar Wilde, 1909, p. 112.
8. "A Tribute to Handel", Improvement Era, maio de 1929,
p. 574.
9. Hal Williams, "Dr. Reid Nibley on Acquiring a Taste
for Classical Music", BYU Today, abril de 1980, p. 14.
10. Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe,
1954, p. 242.
11. Lorenzo Snow, Wilford Woodruff: History of His Life
and Labors , org. Matthias F. Cowley, 1964, p. 468.
12. David Starr Jordan, "The Strength of Being Clean",
Inspirational Classics for Latter-day Saints, comp.
Jack M. Lyon, 2000, p. 191.
13. Discourses of Brigham Young, p. 424.
Garantias de um Lar Feliz - Thomas S. Monson
fevereiro 4th, 2008 by giuseppe
O discurso foi originalmente impresso em A Liahona de outubro de 2001
"A felicidade é o objetivo e o propósito de nossa existência; e também será o fim, caso sigamos o caminho que nos leva até ela; e esse rumo é a virtude, retidão, fidelidade, santidade e obediência a todos os mandamentos de Deus."
Essa meta universal foi assim descrita pelo Profeta Joseph Smith. Era relevante na época; é relevante hoje. Estando o rumo tão claramente traçado, porque então há tantas pessoas infelizes? Freqüentemente os cenhos franzidos superam os sorrisos, e o desespero abafa a alegria. Vivemos tão aquém de nosso potencial divino. Alguns deixam-se confundir pelo materialismo, enredam pelo pecado, perdendo-se entre a multidão humana que passa. Outros clamam como o convertido por Filipe em outros tempos: "Como poderei [encontrar o caminho] se alguém me não ensinar?"A felicidade não consiste em regalar-se no luxo, que é o conceito mundano de "boa vida". Tampouco devemos procurá-la em locais distantes de nomes estranhos. A felicidade encontra-se no lar.
Todos nós nos lembramos do lar de nossa infância. É interessante notar que nossos pensamentos não se prendem ao fato de ter sido grande ou pequeno, situado numa vizinhança refinada ou decadente. Antes, deleitamo-nos nas experiências vividas em família. O lar é o laboratório de nossa vida, e o que nele aprendemos determina em grande parte como viveremos depois.
A sra. Margaret Thatcher, ex-primeira ministra da Inglaterra, externou esta profunda filosofia: "A família é a célula mestra da sociedade. É um berçário, escola, hospital, centro de lazer, um lugar para refúgio e um lugar de descanso. Ela engloba o todo da sociedade. Ela modela nossas convicções; é a preparação para o resto de nossa vida".3 "Lar é onde está o coração." Na realidade, é preciso "muita experiência de vida para fazer de uma casa um lar".4
"Lar, lar, doce, doce lar, ainda que seja humilde, não há lugar como o lar."5 Despertando do enlevo dessas recordações prazerosas, vemos lares em que os pais estão ausentes, os familiares adultos, a infância perdida. Vagarosamente somos forçados a encarar a verdade inapelável: Nós somos responsáveis pelo lar que formamos. Precisamos fazê-lo com sabedoria, pois a eternidade não é uma jornada breve. Haverá calmaria e ventos, sol radiante e nuvens, alegria e pesar. Mas se realmente nos esforçarmos, nosso lar pode tornar-se um pedacinho do céu na Terra. Os pensamentos que colocamos na mente, as coisas que fazemos, a vida que levamos não só influenciam o sucesso de nossa jornada terrena, mas traçam o caminho para nossas metas eternas. Em 1995, a Primeira Presidência e o Conselho dos Doze Apóstolos promulgaram uma proclamação ao mundo a respeito da família. Essa proclamação declara, entre outras coisas: "A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. O casamento e a família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares".6
O lar feliz pode ter a mais variada aparência. Alguns apresentam uma família numerosa com pai, mãe, irmãos e irmãs vivendo juntos com amor. Outros consistem de apenas pai ou mãe com um ou dois filhos, enquanto que outros, ainda, contam com um único ocupante. Entretanto, existem características marcantes num lar feliz, seja qual for o número ou tipo de seus componentes. Chamo essas características de "Garantias de um Lar Feliz". São elas:
1. Um padrão de oração.
2. Uma biblioteca de aprendizagem.
3. Um legado de amor.
4. Um tesouro de testemunho.
UM PADRÃO DE ORAÇÃO
"A oração é o desejo sincero da alma, seja ele proferido ou não expresso."7 É tão universal a sua aplicação, tão benéfico o seu resultado, que a oração é a garantia primordial de um lar feliz. Ouvindo a oração de uma criança, os pais também se achegam mais a Deus. Esses pequeninos, que ainda tão recentemente estiveram com o Pai Celeste, não têm nenhuma inibição em expressar a Ele os seus sentimentos, seus desejos, sua gratidão.
A oração familiar é o melhor inibidor do pecado e, portanto, o mais benéfico provedor de alegria e felicidade. O velho ditado continua válido: "A família que ora unida permanece unida".
Nosso profeta, o Presidente Gordon B. Hinckley, declarou: "Verdadeiramente feliz é o menino ou a menina, inclusive os que já são adolescentes, em cujo lar seja costume orar em família pelas manhãs e à noite".8
Observemos juntos como uma típica família de santos dos últimos dias faz uma oração a Deus. O pai, a mãe e todos os filhos se ajoelham, abaixam a cabeça e fecham os olhos. Uma agradável atmosfera de amor, união e paz enche a casa. Quando um homem ouve seu filhinho orar pedindo que seu pai faça as coisas certas, acham que seria difícil para esse pai honrar a oração de seu querido filho? Quando uma adolescente ouve a querida mãe suplicar para que a filha seja inspirada na escolha de suas amizades e que se prepare para um casamento no templo, não acham que essa filha procurará honrar aquela humilde e fervorosa prece de sua mãe, a quem ela ama tão profundamente?Se o pai, a mãe e todos os filhos oram sinceramente para que os bons filhos da família vivam dignamente a fim de que, no devido tempo, recebam um chamado para servir como embaixadores do Senhor nos campos missionários da Igreja, não começamos a ver esses filhos chegando ao início da vida adulta com imenso desejo de servir como missionários?
Ao oferecermos nossas orações familiares e pessoais, façamo-lo com fé e confiança Nele. Se algum de nós tem sido vagaroso em dar ouvidos ao conselho de orar sempre, não há melhor hora para começar do que agora mesmo. Aqueles que sentem que a oração pode denotar fraqueza física devem lembrar-se de que nenhum homem está mais alto do que quando está ajoelhado para orar.
Estou casado com minha esposa Frances há 53 anos. Nosso casamento foi realizado noTemplo de Salt Lake. O celebrante, Benjamin Bowring, aconselhou-nos: "Posso oferecer aos recém-casados uma fórmula para que qualquer desavença que venham a ter não dure mais que um dia? Todas as noites, ajoelhem-se juntos ao pé da cama. Numa noite, irmão Monson, você profere a oração, em voz alta, ajoelhado. Na noite seguinte, você, irmã Monson, profere a oração, em voz alta, ajoelhada. Posso garantir-lhes que qualquer mal-entendido que acontecer durante o dia se desvanecerá enquanto orarem. Simplesmente não conseguirão orar juntos sem que retenham apenas os melhores sentimentos de um para com o outro".
Quando fui chamado para o Conselho dos Doze Apóstolos, há 38 anos, o Presidente David O. McKay, o nono Presidente da Igreja, perguntou-me a respeito de minha família. Contei-lhe então essa diretriz referente à oração e testifiquei de sua validade. Recostando-se em sua ampla poltrona de couro, respondeu sorrindo: "A mesma fórmula que funcionou para você tem abençoado a vida de minha família durante todos os anos de nosso casamento".
A oração é o passaporte para o poder espiritual.
UMA BIBLIOTECA DE APRENDIZAGEM
A segunda garantia de um lar feliz se descobre quando ele se torna uma biblioteca de aprendizagem. Quer estejamos nos preparando para formar nossa própria família ou simplesmente ponderando sobre como tornar o céu mais próximo de nosso lar atual, podemos aprender com o Senhor. Ele é o mestre arquiteto. Ele ensinou-nos como precisamos edificar.
Quando Jesus caminhou pelos poeirentos caminhos das vilas e cidades do lugar que hoje reverentemente chamamos de Terra Santa e ensinou Seus discípulos às margens do belo mar da Galiléia, Ele freqüentemente falava por meio de parábolas, uma linguagem que as pessoas compreendiam melhor. Freqüentemente Ele se referia à edificação de um lar em relação à vida daqueles que O ouviam.
Ele declarou: "Toda a cidade (. . .) dividida contra si mesma não subsistirá".9 Mais tarde Ele advertiu: "Eis que minha casa é uma casa de ordem (. . .) e não uma casa de confusão".10
Em uma revelação dada por intermédio do Profeta Joseph Smith em Kirtland, Ohio, em 27 de dezembro de 1832, o Mestre aconselhou: "Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e estabelecei uma casa, sim, uma casa de oração, uma casa de jejum, uma casa de fé, uma casa de aprendizado, uma casa de glória, uma casa de ordem, uma casa de Deus".11
Onde poderíamos encontrar uma planta mais adequada com a qual poderíamos construir de modo sábio e adequado? Essa casa deve atender às especificações de construção descritas em Mateus, sim, uma casa construída "sobre a rocha" 12, uma casa capaz de suportar as chuvas da adversidade, as inundações da oposição, os ventos da dúvida que estão sempre presentes em nosso mundo desafiador.
Alguns poderiam perguntar: "Mas essa revelação foi dada para orientar a construção de um templo. Será que é relevante hoje?"
Eu respondo: "O Apóstolo Paulo declarou: 'Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?'"13
Que o Senhor seja nosso guia para a família, sim, o lar, que edificamos.
Bons livros serão uma parte essencial de nossa biblioteca de aprendizagem.
Os livros podem proporcionar-nos um tesouro de sabedoria;
Os livros são a porta para um mundo de prazer;
Os livros podem ajudar-nos a progredir e a melhorar;
Os livros são nossos amigos. Vinde, leiamos.14
A leitura é um dos genuínos prazeres da vida. Em nossa era de cultura massificada, quando tanta coisa que encontramos é resumida, adaptada, adulterada, fragmentada e reduzida à expressão mais simples, é mentalmente relaxante e inspirador sentar-nos a sós com um bom livro.
As crianças pequenas também podem desfrutar do prazer de ouvir os pais lerem um livro para elas.
O Senhor aconselhou: "Nos melhores livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé".15
As obras padrão da Igreja são uma biblioteca de aprendizagem para nós e nossos filhos. Há vários anos, levamos nossos netos a uma visita às instalações tipográficas da Igreja. Ali, vimos a edição missionária do Livro de Mórmon saindo da linha de produção, impressa, encadernada e pronta para ser lida. Eu disse a meus netos: "O funcionário diz que vocês podem pegar um exemplar do Livro de Mórmon para ser só seu. Vocês escolhem o Livro de Mórmon, e ele será seu".
Cada um deles apanhou um exemplar e expressou seu amor pelo Livro de Mórmon.
Na verdade, não me recordo dos outros acontecimentos daquele dia, mas nenhum dos que estavam presentes se esquecerá a expressão sincera do fundo do coração daquelas crianças.
Lembremo-nos, como pais, que nossa vida poderá ser o livro da biblioteca familiar que nossos filhos mais apreciam.Nossos exemplos são dignos de serem seguidos? Será que vivemos de maneira tal que um filho ou filha possa dizer: "Quero ser como meu pai" ou "Quero ser como minha mãe"? Nossa vida não pode ser ocultada como o conteúdo de um livro da estante protegido pela capa. Nós, pais, somos na verdade um livro aberto.
UM LEGADO DE AMOR
A terceira garantia de um lar feliz é o legado de amor. Quando garotinho, eu adorava visitar a casa de minha avó na Avenida Bueno, em Salt Lake City. Minha avó se mostrava sempre muito alegre de nos ver e dava-nos um abraço apertado. Sentado em seu colo, ficávamos ouvindo enquanto ela lia para nós.
Seu filho mais novo, meu tio Ray, e sua esposa moraram naquela mesma casa depois que minha avó faleceu. Em uma visita a meu tio Ray, no ano passado, pouco antes de ele falecer, notei que o hidrante no meio-fio pareceu-me muito pequeno em comparação ao tamanho que tinha quando eu o escalava naqueles tempos tão distantes. A varanda acolhedora continua a mesma, tranqüila e pacífica como sempre. Na parede da cozinha havia um quadro bordado por minha tia. Seus dizeres continuam um mundo de aplicação prática: "Escolhe teu amor; ama tua escolha". Muito freqüentemente isso exige compromisso, perdão e talvez um pedido de desculpa. Precisamos estar sempre empenhados em fazer de nosso casamento um sucesso.
Aparentemente pequenas mostras de amor são observadas pelos filhos, ao absorverem silenciosamente o exemplo dos pais. Meu próprio pai, um tipógrafo, trabalhou dura e arduamente quase todos os dias de sua vida. Estou certo de que no Dia do Senhor, ele teria gostado de simplesmente ficar em casa. Mesmo assim, visitava os membros idosos da família, procurando dar um pouco de alegria à vida deles.
Um deles era seu tio, tão severamente atingido pela artrite que não conseguia andar nem cuidar de si. Em certas tardes de domingo, meu pai me dizia: "Venha, Tommy, vamos dar um passeio com o tio Elias". Num velho Oldsmobile 1928, íamos até a rua Eighth West, onde, chegando à casa do tio Elias, eu ficava aguardando no carro, enquanto meu pai entrava. Pouco depois, ele voltava carregando seu tio entrevado nos braços, como se fosse uma frágil peça de porcelana. Eu então abria a porta do carro e ficava observando com que delicadeza e carinho ele acomodava o tio Elias no banco da frente, para que tivesse uma visão melhor, enquanto eu ia para o banco de trás.
O passeio era curto, e a conversa limitada, mas, oh, que grande legado de amor! Meu pai nunca leu para mim a parábola do bom samaritano na Bíblia. Em vez disso, levava-me com ele e com o tio Elias, no velho Oldsmobile, para um passeio pela estrada para Jericó.
Se nosso lar transmitir um legado de amor, não teremos de ouvir a reprimenda de Jacó registrada no Livro de Mórmon: "Haveis quebrantado o coração de vossas ternas esposas e perdido a confiança de vossos filhos, por causa de vossos maus exemplos diante deles; e os soluços do coração deles sobem a Deus contra vós".16
Que nosso lar transmita um legado de amor.
UM TESOURO DE TESTEMUNHO
A quarta garantia de um lar feliz é o tesouro do testemunho. "A primeira e maior oportunidade de ensino na Igreja encontra-se no lar"17, observou o Presidente David O. McKay. "O verdadeiro lar mórmon é aquele em que, se chegasse a nele entrar, Cristo gostaria de demorar-Se e descansar".18
O que estamos fazendo para assegurar que nosso lar se enquadre nessa descrição? Não basta que só os pais tenham forte testemunho. Os filhos só podem amparar-se por pouco tempo na convicção deles.
O amor ao Salvador, a reverência pelo Seu nome, e um genuíno respeito mútuo proverão um solo fértil para que o testemunho germine e cresça.
Aprender o evangelho, prestar testemunho, dirigir uma família são raramente ou nunca processos simples. A jornada da vida tem por característica os solavancos na estrada, o mar agitado, que fazem parte da turbulência de nossos tempos.
Há alguns anos, durante uma visita aos membros e missionários da Austrália, presenciei um sublime exemplo de como um tesouro de testemunho pode abençoar e santificar um lar. O presidente da missão, Horace D. Ensign, e eu estávamos fazendo a longa viagem de Sidney para Darwin, onde eu deveria dar início à construção de nossa primeira capela naquela cidade. No caminho, havia uma escala prevista numa cidade de mineração chamada Mount Isa. Quando entramos no pequeno aeroporto, fomos abordados por uma senhora acompanhada de duas crianças. Ela disse: "Sou Judith Louden, membro da Igreja, e esses são meus filhos. Imaginamos que poderiam estar nesse vôo, por isso viemos para poder conversar com os irmãos durante sua breve escala". Explicou-nos que o marido não era membro da Igreja, e que ela e as crianças eram, na verdade, os únicos membros em toda aquela área. Compartilhamos lições e prestamos testemunho.
O tempo corria. Ao nos prepararmos para embarcar, a irmã Louden parecia tão perdida, tão só. "Não podem partir ainda. Tenho sentido tanta falta da Igreja". Subitamente, o alto-falante anunciou mais trinta minutos de demora até a decolagem, devido a problemas mecânicos. A irmã Louden sussurrou: "Minha oração acaba de ser atendida". Ela, então, perguntou-nos como poderia fazer com que o marido se interessasse pelo evangelho. Aconselhamos que o incluísse na aula da Primária do Lar semanal, e se mostrasse um testemunho vivo do evangelho. Prometi que lhe mandaria uma assinatura da revista para crianças Children's Friend e auxílios adicionais para o ensino no lar. Aconselhamo-la a nunca desistir quanto ao marido.
Partimos de Mount Isa, cidade à qual nunca mais voltei. Sempre me lembrarei com carinho daquela dedicada mãe e seus queridos filhos despedindo-se com olhos marejados e um carinhoso aceno de gratidão e adeus.
Vários anos depois, falando numa reunião de liderança do sacerdócio em Brisbane, Austrália, ressaltei a importância do estudo e vivência do evangelho no lar, e de sermos exemplos da verdade. Compartilhei com os irmãos ali paresentes a história da irmã Louden e o impacto de sua fé e determinação em mim. Concluindo, comentei: "Penso que jamais saberei se o marido da irmã Louden chegou a filiar-se à Igreja, mas ele não poderia ter encontrado um modelo melhor para seguir".
Um dos líderes ergueu o braço, depois se pôs de pé e declarou: "Irmão Monson, sou Richard Louden. A irmã de quem falou é minha mulher. As crianças [sua voz embargou-se] são nossos filhos. Somos agora uma família eterna, graças em parte à persistência e paciência de minha querida esposa. Ela fez tudo". Não houve uma só palavra. O silêncio era interrompido apenas por fungadelas e soluços abafados, e marcado pela visão de lágrimas correndo de todos os olhos.
Meus irmãos e irmãs, tomemos a decisão, sejam quais forem nossas condições, de fazer de nossa casa um lar feliz. Abramos as janelas de nosso coração, para que todo membro da família se considere bem-vindo e "em casa".
Abramos igualmente as portas de nossa própria alma, para que o amado Cristo possa entrar. Lembrem-se desta promessa: "Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa".19
Quão bem-vindos havemos de nos sentir, quão alegre será nossa vida quando Jesus for saudado pelas "Garantias de um Lar Feliz":
Um padrão de oração,
Uma biblioteca de aprendizagem,
Um legado de amor
Um tesouro de testemunho.
Que nosso querido Pai Celestial nos abençoe na busca de um lar assim feliz e uma família eterna.
1. Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 249.
2. Atos 8:31.
3. Nicholas Wood, "Thatcher Champions the Family", London Times, 26 de maio de 1988.
4. Edgar A. Guest, "Home", in The Family Book of Best Loved Poems, org. por David L. George (1952), pp. 151-152.
5. John Howard Payne, "Mid Pleasures and Palaces", Hymns, número 107.
6. A Liahona, junho de 1996, pp. 10-11.
7. James Montgomery, "Prayer Is the Soul's Sincere Desire, Hymns (1985), número 145.
8. "The Environment of Our Homes", Tambuli, outubro-novembro de 1985, p. 5.
9. Mateus 12:25.
10. D&C 132:8.
11. D&C 88:119.
12. Mateus 7:25.
13. I Coríntios 3:16.
14. Emilie Poulsson.
15. D&C 88:118.
16. Jacó 2:35
17. Priesthood Home Teaching Handbook, edição revisada(1967), pp. ii-iii
18. Conference Report, outubro de 1947, p. 120; ou Gospel Ideals: Selections from the Discourses of David O. McKay (1953, p. 169.
19. Apocalipse 3:20.